Correr nos ensina a nos desafiar. Ensina a ir além quando pensamos até aonde poderíamos ir. Ajuda-nos a descobrir do que somos feitos e o que fazemos, e isso é tudo na vida. Boa leitura!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A Corrida e os Amigos

"Vejo que preciso estar em movimento o tempo todo, aprender a correr foi uma atitude a favor disso. Surpresa!!! Correr me trouxe um monte de coisas maravilhosas que me fazem viva e feliz o tempo todo". Quem disse isso não fui eu, foi Monica Davidovic, uma amiga que nunca vi pessoalmente mas que nos encontramos no Twitter para conversarmos sobre corrida. A Monica é uma das muitas pessoas que conheci depois que comecei a correr. Algumas estão mais longe, outras mais perto, mas todas com um único propósito: o de correr. Afinal, o que move alguém a tentar vencer seus limites? Superar seus sonhos? Pedalar todos os dias muitos quilômetros para chegar até o local do seu treino e correr ainda mais? Quem também faz isso é um menino de 16 anos que treina comigo. Enquanto muitos meninos estão confortavelmente em suas casas, em suas escolas, ou outros na rua, sem sentido, ele sai do sítio onde mora, vem para a cidade e corre. Corre pra quê? Hoje ele ainda me confessou que não vence uma corrida desde o ano passado... mas percebo que continua correndo, se dedicando, buscando o aperfeiçoamento, tentando derrotar alguns segundos que o separam do pódio.Acho que é a corrida que faz isso com a gente. Ela faz a gente buscar o que a gente não sabe que tem. Ela proporciona encontros de pessoas que aparentemente são muito diferentes, mas que quando correm, são bastante iguais. Este é o Alison, 16 anos, meu novo amigo de corrida.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Fui mas não queria ir


Fui surpreendida pela 5ª Corrida Rústica de Mandaguari Pr. Surpreendida porque o site que anunciava a corrida não era bom. Algumas semanas antes fui me informar da corrida e estava tudo confuso. Uma semana antes mandei um e-mail questionando se haveria chip, medalha, faixa etária, mas ninguém me respondeu. Decidi não ir... mas por causa da Julie &Julia (tinha anunciado no blog) tinha que ir e fui. Na noite anterior sonhei matutando como eles iriam saber quem chegou na frente, qual era o tempo dos corredores se não haveria chip. Já comecei dormindo mal. Não convidei ninguém porque achei que não haveria infra-estrutura, mas minha cunhada topou ir para "cobrir o evento" e mais: faziam inscrições na hora. Na hora? Ah, esta corrida não seria boa.
Qual foi nossa surpresa ao chegar em Mandaguari e nos depararmos com uma corrida muito organizada. As inscrições poderiam sim ser feitas antes das largadas, mas tinha chip, número e também camiseta. Só as medalhas é que eram para os 20 primeiros colocados de cada categoria.
Na largada, posicionei-me ao lado de um corredor de 72 anos, que modelo de vida, mas larguei bem... mal. Estou chateada porque acho que fico muito nervosa nas corridas. Quando corro nos treinos de 10km não preciso beber nada, mas nas corridas minha boca seca nos primeiros 100 metros. O que fazer? Fui buscando água a corrida toda, mas não adiantava, não era sede, era nervosismo.
O estranho desta corrida é que não fui ultrapassada e não ultrapassei ninguém, ou seja, não sabia se era a última... a primeira, claro que eu sabia que não era.
O senhor de 72 anos chegou na minha frente. E quando pisei no tapete minha dúvida era: espero pela medalha? Será que não sou pelo menos a vigésima? Esperei. Esperei e fui mais uma vez surpreendida, fiquei em 4º lugar na categoria. Ganhei medalha de verdade, não foi de finisher não.
Parabéns aos organizadores da corrida, me surpreenderam, virei freguês! (mas ainda precisam melhorar o site)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Desempenho do 1º quadrimestre

domingo, 9 de maio de 2010

Iracema, sem os lábios de mel


A 10ª Prova Pedestre Adriana de Souza de Ibiporã (PR) tem este nome para homenagear uma corredora desta cidade que conseguiu destaque louvável em São Paulo, conquistando em 2002, o 2º lugar na São Silvestre. Este ano, como é de tradição, Adriana correu e conseguiu o 2º lugar para o delírio dos Ibirapoenses. E eu corri com ela, ou melhor, bem atrás dela.

Antes de correr, porém, a mesma história se repete, vou sozinha às corridas, quero dizer, sem nenhuma parceira de corrida, mas estou mais próxima dos meninos do atletismo de Rolândia, que voam nas pistas. Mas o mais curioso das corridas são as histórias, as experiências que trocamos. A prova atrasou bastante e eu esperei aproveitando cada momento, observando os aquecimentos, as provas mirins e infantis que aconteciam antes da nossa até que vi uma mulher impaciente como eu e perguntei se ela corria. “Corro sim, minha fia.” O corpo dela era atlético. E ela acrescentou: “Sabia que no ano passado eu ganhei em 1º lugar? Ganhei 100 reais e este ano eu vô ganhá de novo”. E eu indaguei: “Nossa, mas você treina?” “Treino, não, minha fia, eu corro por dinheiro mesmo. E você, treina?” “Eu treino, mas nunca ganhei uma corrida, não.” “Mas você treina e não ganha? Como assim?” “Ah, é que eu corro pouco, não sou boa na corrida.” “Mas pra você tanto faz ganhá ou perdê?” “Não, Iracema, eu queria ganhar, mas ainda não consigo.” “Olha minha fia, quando dé o sinal, sai correndo, pensa no dinheiro e pisa no chão, quero vê se você não ganha.” Neste momento eu olhei bem para ela, e fitando seus olhos de jabuticaba, disse: “Está bom, eu vou tentar fazer isso.”

Meu treinador estava ali por perto e eu pedi que tirasse uma foto de nós duas. Ele olhou para mim e disse que a gente encontrava cada uma nessas corridas, e nós dois concluímos que a Iracema nos tinha passado uma bela história.

Desta vez me posicionei mais à frente na largada e saí bem, ‘pensei no dinheiro’! Qual a minha surpresa quando olho no meu relógio marcando 3 minutos de corrida e Iracema já acabada, dando passos, já quase sem correr, acenei a ela e disse algumas palavras de incentivo e fui embora. Esta prova tem muita subida e foi mais um grande desafio para mim. Confesso que andei, mas tinha gente que me ultrapassava na subida andando! Os 100 reais tinham ido por ladeira abaixo. No final reagi e concluí a prova em 54.37. Ultrapassei uma japonesa que veio ao meu lado quase toda corrida e fui ultrapassada por outras três. Mas nada que mereça ser relatado. Pisei no tapete, sentei e tomei minha água, me recuperei um pouco, tirei o chip, peguei minhas únicas lembranças desta corrida, com exceção do número da camiseta: um pedaço de melancia, uma maçã e uma banana e subi na outra ponta da quadra para falar com o treinador.

Já estava sentada no banco da praça, descansando quando faço sinal para o treinador olhar, era ela, a Iracema estava concluindo a prova. Rimos baixinho como se pensávamos juntos... que lorota que ela nos passou.

Ficamos aguardando a premiação porque dois meninos nossos pegaram o segundo lugar. Em Ibiporã, há muitas categorias e qual a nossa surpresa ao anunciarem a categoria municipal feminina 5059 anos: Iracema Márcia Cardoso levou o primeiro lugar. É a Iracema! Dei os parabéns a ela (não vou dizer que ela era a única na categoria dela) e concordei: “É você ganhou mesmo!” “E você, não ganhou nada?” me perguntou Iracema “Eu não ganhei não, Iracema” Ela parou, desta vez fitando os meus olhos de jabuticaba. E o olhar foi interrompido pelo convite da Adriana de Souza para tirar uma foto com ela.

Em 2011 quero correr de novo em Ibiporã, vou pelo dinheiro, com mais garra e fé. Vou seguir o conselho da Iracema. E quero ir assim por muitos anos. Mas quando estiver correndo na categoria Master, não vou mais lá, porque este pódio, é da Iracema.