Correr nos ensina a nos desafiar. Ensina a ir além quando pensamos até aonde poderíamos ir. Ajuda-nos a descobrir do que somos feitos e o que fazemos, e isso é tudo na vida. Boa leitura!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

É Japonesa... obrigada.

A Prova Rústica de Tiradentes em Maringá-Pr é uma competição tradicional no nosso estado. Meu professor disse que em 1975 ele conseguiu o 3º lugar nesta prova. Há quenianos e muitos corredores de elite e foi nesta prova que fui batizar os meus primeiros 10km. Nos dois dias que antecederam a prova eu fiquei tensa. E no dia, não estava bem. Maringá fica a uma hora de Rolândia e fiquei feliz por estar acompanhada dos meus dois filhos e da minha sobrinha. Eles eram minha torcida, me entreteram no caminho e me apoiaram.
Chegamos 1 hora antes da prova, tempo suficiente para pegar o chip e conseguir um bom lugar na arquibancada. Quando vi o pessoal começando a aquecer, fui também. Era muita gente diferente. Não conhecia ninguém. Estava ansiosa, perdida e sozinha. Não sabia que tinha que ficar com as mulheres e tive que passar no meio de umas centenas de homens até chegar na largada destinada às mulheres. Os fotógrafos tiravam fotografia dos grupos femininos uniformizados, os repórteres entrevistavam as atletas famosas e eu observava tudo atentamente. O meu sorriso só saiu quando meu treinador acenou para mim, me chamou no canto e disse para eu fazer meu ritmo, ir com calma, para terminar a prova. Isso foi bom. Ele estava lá acompanhando os meninos do atletismo da cidade.
A largada foi emocionante, um tiro do exército. Na rua tinha pessoas de ambos os lados aplaudindo e torcendo pelos seus amigos corredores. Como não conhecia ninguém, minha companhia foi minha seleção de músicas que me acompanhou até o 5º quilômetro. Depois que passei o retorno em frente a arquibancada, acenei para minha pequena, porém importantíssima torcida, desliguei meu iPod e fui no som e no rítmo da corrida. Estava tudo calmo, tranquilo até que pisei no 8º quilômetro e comecei a sentir o cansaço, mas não só eu. Na subida já tinha gente andando, apodei. Não andei um passinho sequer, só corri. No 9º quilômetro comecei a ouvir o som da chegada, via mais pessoas na rua e neste momento as ultrapassagens já não aconteciam com frequência. Cada um garantia sua posição Como não tinha me esforçado com nenhuma arrancada, ganhei algumas posições mas não perdia nenhuma. Até que uma japonesa, nos útlimos 500 metros, me alcançou.
Olhei para a japonesa e pensei: "Oi japonesa, agora não é para ultrapassar, estamos concluindo a prova". Ela ignorou meu pensamento e passou um pouquinho a minha frente. "Corri mais um pouquinho e reforcei: Não é hora de ultrapassagens, estamos ambas cansadas". A japonesa realmente me ignorava e correu mais um pouco. Eu corri mais um pouco. Faltavam 300 metros. Não era hora de ultrapassar. "Hey, Japonesa, NÃO É HORA DE ULTRAPASSAR!". Ela realmente me ignorava, e então, arrancou, deu um tiro e eu não pensei em mais nada e dei um tiro também, ela corria, eu desesperada corria, japonesa filha da p. não era para correr... corri tanto, mas tanto, que  minhas pernas não mais me obedeciam, não sentia mais nada, meus braços estavam fora de ritmo, meu rosto desfigurado e ela dando o que tinha ao meu lado. Neste momento eu só queria uma coisa: pisar no tapete. E eu pisei e ganhei da japonesa!
É Japonesa... obrigada. Naquela hora eu queria te esganar, mas hoje reconheço: você me fez descobrir uma força e uma garra que eu desconhecia, e graças a você eu conclui a prova em 1 hora e 8 minutos. Você fez toda a diferença nesta corrida. Japonesa, quem sabe a gente se cruza novamente, mas desta vez quando eu te ver, infelizmente, você não vai ter sua segunda chance.

2 comentários:

  1. HAHAHAHAHAHA! Eu consegui até ver tudo de novo lendo o seu post! Você foi ótima, deu o seu melhor (principalmente nos últimos 500 metros) e fez bonito demais.. suas arrancadas! PARABÉNS TIA! Você é o nosso orgulho. :)

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  2. ps. AMEI o seu layout novo! *-*

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